CALÇAS
COMPRIDAS PARA AS MULHERES À LUZ DE DEUTERONÔMIO
Talvez
você já estudou a questão dos judaizantes, mas vale a pena salientar que não
estamos mais debaixo da lei e, sim da graça conforme já vimos. Mas ainda
encontramos nos dias de hoje certos cristãos usando versículos isolados do
Velho Testamento para tirar a liberdades das mulheres.
Este
é um dos pontos mais difíceis entre alguns pentecostais. Sem ferir ninguém,
quero interpretar à luz da Palavra. Os nossos renomados mestres em teologia são
unânimes em afirmar que estão superadas as normas de Deuteronômio 22.5. Há
igrejas que proíbem terminantemente o uso de calças compridas para mulheres,
usando este texto: “A mulher não usará roupa de homens, nem homem vestes peculiar
à mulheres; porque qualquer que faz tais coisas é abominável ao Senhor teu
Deus” (Dt 22.5).
Nem
mesmo o cumprimento da lei exaltava realmente a Deus, pois Ele veria as pessoas
servindo-O apenas por obrigação, por serem compelidas a fazê-lo.
[...]
Aqueles que servem a Deus simplesmente porque a letra da lei os obriga fazê-lo,
ainda estão sob o regime da Velha Aliança. Não aprenderam a respeito da Nova
Aliança. A maioria dos cristãos ainda estão vivendo no regime da Velha Aliança.
Até dizem: “Tentei fazer isto e fazer aquilo”. Vivem sob a condenação da lei.
Embora cantem louvor a Deus e sejam do povo de Deus, têm dúvidas terríveis e
enfrentam problemas e lutas. Fazem boas coisas na igreja, mas quando vão para
casa, sabemos os problemas que tem. Estão vivendo pela Velha Aliança” [ORTIZ.
P. 163].
Jamais
poderíamos usar um versículo para fazer uma doutrina, assim como critica-se os
que guardam o sábado, deixando outros mandamentos, que não conseguem cumprir.
Tanto é verdade, que o mesmo capítulo, que fala sobre vestes, fala também em
matar o filho rebelde, não usar roupa de lã com roupa de linho ao mesmo tempo,
fazer franja no cobertor de dormir e outros versículos, por exemplo: o homem
não podia cortar o cabelo e nem sequer danificar a barba. Veja o exemplo:
“Não
cortareis o cabelo em redondo, nem danificareis as extremidades da barba” (Lv
19.27). “Não farão calva na sua cabeça e não cortarão as extremidades da barba,
nem ferirão a sua carne” (Lv 2.5).
A
barba para os Judeus era símbolo de dignidade, mas era vergonhoso raspada:
“Tomou, então, Hanum os servos de Davi, e lhes rapou metade da barba, e lhes
cortou metade das vestes até às nádegas, e os despediu. Sabedor disso, enviou
Davi mensageiros a encontrá-los, porque estavam sobremaneira envergonhados.
Mandou o rei dizer-lhes: Deixai-vos estar em Jericó, até que vos torne a
crescer a barba; e, então, vinde” (2º Sm 10-4-5).
Somos
salvos pela fé não pelas obras. A Bíblia diz em Efésios 2:8-10 “Porque pela
graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”.
Considero
o legalismo, ser o maior e o mais grave dos problemas da religiosidade, onde
ela bate de frente com o Cristianismo. Em momento algum os praticantes da
religiosidade concebem a atuação divina pela categoria da Graça, como doação e
auto-doação divina. Para eles só a graça não basta, tudo tem que ser barganhado
e negociado.
Esta
concepção legalista anula a Graça, anula o sacrifício de Cristo, anula a
redenção proporcionada pela morte de Jesus na cruz. Neste ponto poderíamos
traçar um paralelo (ainda que bastante impreciso) com a ação dos judaizantes na
Igreja Primitiva, combatida enfaticamente pelo Apóstolo Paulo, na epístola aos
Gálatas:
“Sabendo,
contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em
Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos
justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei,
ninguém será justificado. Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos
nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do
pecado? Certo que não. Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim
mesmo me constituo transgressor. Porque eu, mediante a própria lei, morri para
a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou
eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne,
vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.
Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que
morreu Cristo em vão”. (Gl 2.16-21).
O
legalismo, como disse, é o maior e o mais grave dos problemas deparados pelo
apóstolo Paulo na igreja primitiva e que que igreja cristã ortodoxa ainda
enfrenta.
Dessa
forma, anula-se a fé cristã. Este é o argumento que invalida as considerações
de quem avalia a religiosidade como um caminho válido para Deus, legítimo e até
melhor do que a fé cristã.
O
legalismo tira do coração do crente a alegria do Senhor e com essa ausência
vai-se também o seu poder para um culto de adoração ao homem. Nada resta senão
uma confissão rígida, sombria, tediosa e indiferente. A verdade é traída e o
nome glorioso do Senhor torna-se sinônimo de “desmancha prazeres”. Os cristãos
sob a lei não passam de uma triste paródia da realidade”.
Embora
já estamos no século XXI, encontramos grupos de indivíduos “rígidos, sombrios,
tediosos e indiferentes, basta visitar algumas das igrejas evangélicas de hoje.
É com grande dor no coração e grande desapontamento dizer que as igrejas morrem
quando o pastor é legalista, pois são assassinos de almas. Os legalistas, com
sua lista inflexível de “faça” e “não faça”, matam o espírito de alegria e
espontaneidade daqueles que desejam gozar a sua liberdade em Cristo Jesus. As
pessoas estritamente legalistas na liderança tiram toda a vida da igreja,
embora afirmem estar prestando um serviço a Deus.
Em
primeiro lugar não encontramos nenhum versículo que proíba as mulheres a usarem
calça comprida no Novo Testamento, porque não existia nem para homens e nem
para mulheres. Em segundo lugar, o próprio Jesus diz “Pois todos os profetas e
a lei profetizaram até João Batista” (Mt 11.13). Usar a lei escrita por Moisés
para doutrina de usos e costumes é invalidar a graça de Cristo, adulterar o
evangelho segundo Jesus segundo o Novo Testamento.
É
extremamente difícil estabelecer quais eram as diferenças entre as vestes
masculinas e femininas nos dias de Moisés. Tanto os homens como mulheres usavam
indistintamente capa, cinto, casaco e vestidos longos. Muitas vezes as roupas
de um homem e de uma mulher eram exatamente iguais. Distinguia-se uma da outra,
unicamente, pela finura do tecido usado para confeccionar as roupas das
mulheres a cor.
O
princípio básico apresentado aqui é de que homens e mulheres devem honrar a
dignidade do seu próprio sexo e não tentar adotar aparência ou papel do outro.
Esse versículo proíbe claramente o travestismo, que é um desvio do
comportamento. Deus reprovou e é abominável a mudança do uso natural do sexo,
tanto no Velho como no Novo Testamento. O apóstolo Paulo exortando aos romanos
diz: “... porque até as mulheres mudaram o uso natural de suas relações íntimas
por outro, contrária a natureza; semelhantemente, os homens também deixaram o
contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo
torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmo, a merecida punição do seu
erro” (Rm 1.27-28).
Alguns
líderes interpretam o “uso natural” como calça comprida ou abrigo. Mas, o
ensinamento de Moisés e de Paulo se refere à mudança de sexo, homem com homem
ou mulher com mulher. Não tem nada haver com calça comprida.
O
que uma sociedade estabelece como indumentária masculina e feminina não vale
necessariamente para outra região geográfica.
Não
compete ao Espírito Santo designar quais roupas são masculinas ou femininas.
Experimente um homem usar uma bota feminina ou vice-versa. Ou um homem usar uma
calça feminina. Não irá servir, porque o estilo masculino e o estilo feminino
são diferentes. Isso é convenção cultural, portanto, humana.
Deve
se observar que as roupas e tradições também variam de geração para geração. A
calça comprida era considerada roupa de homens no início do século passado.
Como as mulheres começaram a trabalhar fora de casa e necessitavam de roupas
fortes que protegessem suas pernas do frio e dos acidentes de trabalho, o uso
acabou sendo inevitável. Inicialmente, causava inquietação e gerava muita
polêmica. Mas, logo pode contar com o consentimento da sociedade.
Note
que houve uma mudança social e cultural sem atingir a moralidade das pessoas.
Houve uma mudança de tradição. Hoje as calças compridas já nem são mais roupas
masculinas, e sim neutras em seu gênero, tanto homens como mulheres podem usar.
Como
nos tempos de Jesus homens e mulheres usavam vestidões e não havia nenhum
pecado, também em nossos dias não há pecado para homens e mulheres usarem
calças comprida. Mas, sempre com decência.
Há
outras vestimentas que também são usados por homens e mulheres e não trazem
nenhuma inquietação, como por exemplo: as sandálias havaianas; camisetas de
malhas; certos tipos de casacos, usados para nos protegermos do frio; e até
mesmo alguns modelos de armação para óculos de grau. Hoje o que designa uma
calça masculina ou feminina é o estilo. Sendo assim, quando Deus ordena que a
mulher não se vista com roupas de homem, Ele não está escolhendo certo tipo de
roupa, mas apenas rechaçando o travestísmo, e a roupa intima de cada ser
humano. O ideal de Deus é que os homens queiram ser homens e as mulheres
desejem ser mulheres. A mensagem de Deuteronômio 22.5 trata de princípios, e
não de uma lei sobre moda.
Outro
detalhe é que, se fosse pela diferença entre homem e mulher, nós homens
teríamos que voltar ao uso de vestido; se é pelo costume do país que usamos a
calça, elas também têm o direito de usar o costume do país, sendo que as
mulheres brasileiras também usam a calça, mais que a saia e, muitas vezes, como
abrigo contra o frio.
Entendemos
que no Novo Testamento temos apenas uma norma, ou seja, a que fala de vestes
decentes, conforme 1ª Tm 2.9, e disso não devemos abrir mão, é claro. Por outro
lado, não é porque a mulher, por exemplo, está usando vestido comprido, que
está obrigatoriamente decente, pois tudo o que chamar a sensualidade é
indecente, é lascívia.
Em
certas igrejas, para a maioria dos crentes, uma mulher usar calça idêntica a do
homem é um pecado mortal, mas não encontramos um texto bíblico que dê
sustentação a essa idéia. Ele vem apenas de uma má interpretação e tradição da
igreja.
Se
fosse indecente, nós os homens, estaríamos sendo indecentes ao usarmos a
referida calça, pois o nosso corpo tem as mesmas condições de mostrar
indecência. Além disso, usamos roupas modernas e caras (ternos e gravatas),
contrariando Lc 7.25 e Mt 11.8. Os ministros não poderão comprar ternos
atualizados, pois deverão cumprir Êxodo 39, se quiserem exigir que as mulheres
cumpram uma má interpretação de Deuteronômio 22.5.
Se
for para manter a distinção entre homem e mulher, existem diversos itens do
vestuário que podem caracterizar a mulher, como calçados, cabelo, blusa, bolsa
e outros, vistos que as vestes dos tempos bíblicos eram vestidos idênticos para
ambos os sexos e a diferença ficava por conta de outros detalhes, como o
comprimento do vestido, a textura do tecido. O homem diferenciava-se pela barba
e a mulher pelo véu.
Uma
mulher com uma calça descente se protege mais do que uma saia, num símbolo de
mundanismo como no entendimento de alguns. Se for provado que a coisa material
provoca indecência (que é um atributo moral), não se pode afirmar biblicamente
que um costume é mau.
Usar
certas frases e dizer que o cristão não pode andar na moda, primeiro devemos
saber o que é realmente moda. Moda é como a gente apresenta-se, para as outras
pessoas. Isso inclui roupas (ternos, camisa, calça, gravata, sapatos, chapéus,
meia, cinta, fivela...). È, ainda, o jeito como você usa seus óculos, corta,
pinta ou penteia seus cabelos.
A
moda é tudo isso e junta e se compõe em você, em cada um de nós. Ela varia de
região para região, de país para país. Por exemplo, na Escócia os homens andam
de saia, na África os homens andam de vestidões, no sul os gaúchos andam de
bombachas e os políticos e pastores de ternos, etc.
Jesus
Cristo nunca usou paletó e gravata. Era uma pessoa comum, ou seja, se vestia de
modo semelhante aos demais, a ponto de Judas precisar beijá-lo para
identificá-lo. Paletó e gravata não podem ser adotados como roupas de santos.
Em primeiro lugar, é uma roupa utilizada em solenidade em ocasiões sociais por
autoridades e pessoas da sociedade. Em segundo lugar, grande parte dos
corruptos que se acompanham nos noticiários usam este tipo de roupa. Portanto,
não se pode atribuir paletó e a gravata uma exclusividade, ou um requisito de
quem é crente, pois é um traje social, de uso comum de todas as pessoas da
sociedade.
Se
Jesus ou um dos apóstolos participasse de um dos nossos cultos eu acredito que
muitos irmãos iriam colocá-los para fora. Por quê? Porque estariam com o
vestuário esquisito. Moda dos tempos de Jesus era diferente com as de hoje.
Jesus usava vestidões, e nós usamos calças compridas. Ninguém consegue viver
neste mundo sem estar na moda, ou seja, seu jeito de vestir. O que realmente
precisamos entender é que todos acompanham a moda e a cultura da época.
Entretanto, o que for extravagante, principalmente sensual, deve ser corrigido
e ensinado pela Palavra de Deus sem usar o radical e o autoritarismo.
Certo
dia, uma irmã que encontrava-se com problema saiu de seu trabalho e veio até a
igreja pedir ajuda e oração, mas um determinado “ministro” quando a viu de
uniforme (calça comprida) chamou atenção veemente dizendo: Porque a irmã veio
vestida de homem na igreja? Em vez de receber uma palavra de consolo recebeu
uma chibatada pelo fariseu. E ela saiu magoada e triste.
É
isto que os fariseus fazem. Ensinam que a “igreja” tem “regras” (tradições e
doutrinas de homens), que foram condenadas por Jesus (Mt 15.1-3, 9) e, sem base
bíblica, fecham o reino dos céus para os aflitos e necessitados. Enquanto Jesus
tinha compaixão e misericórdia, os fariseus de hoje são petulantes e donos da
verdade.
Aprendemos
em missiologia que devemos respeitar a cultura de cada país, mas estamos
esquecendo que estamos na cultura de nosso próprio país, onde, especialmente,
na região sul, com temperaturas negativas; além de costume, é uma necessidade e
um direito constitucional do cidadão, tendo inclusive, amparo legal na
preservação da saúde. O uso da calça para a proteção contra o frio, na época do
inverno, é uma necessidade. É redundante dizer que, se a pessoa questionasse
seus direitos morais pela advertência em público, a Igreja teria problemas.
Nesse particular, existe um grande obstáculo, que tem levado muitas mulheres
optarem por outras igrejas que entendem não ser esse um problema de indecência,
nem de preceito bíblico, senão apenas de uma tradição, que deveriam ser
mantidas se não causassem a perda de muitas almas.
Temos
visto que muitas igrejas brasileiras assistem a confirmação de Deus ao seu
trabalho missionário em outros países, sem a tal exigência, mas continuam
proibindo aqui, como se Deus fosse mais exigente para os brasileiros.
Porque
muitos líderes fazem este tipo de acepção com as mulheres e o Espírito Santo
não? Deus não condena uma mulher pela roupa, mas pela sua conduta sem Deus.
Muitos
líderes evangélicos já entendem que essa tradição traz mais prejuízo que lucro
e resolveram abrir mão, mesmo que se diga que liberaram o mundo dentro da
igreja, porém, biblicamente, para entrar o mundo na igreja, pelas vestes,
precisamos ser, no mínimo indecentes, o que não é o caso da calça, e, sim, de
muita saia curta, justa ou transparente e blusa decotada (que é tida como um
erro, mas a calça é vista, por muitos, como um horror do inferno).
Umas
das teorias, a que considero a mais equivocada, é aquela que afirma ser a
proibição dessa peça do vestuário um dos motivos da integridade, indispensáveis
para a igreja manter a sã doutrina e a santidade. Entendo que a igreja é santa
porque não abre mão das doutrinas bíblicas e, ficaria melhor ainda, se
dispensasse este item que nada tem a ver com a santidade e nem com a diferença
do mundo, pois Jesus em João 13.35 nos diz qual é a única característica que
faz a diferença do mundo. O único requisito no vestir é a “decência” que
procede do amor. A caridade, que é o próprio amor, não se porta com indecência,
conforme 1ª Co 13.5 e nada mais que isso pode ser exigido biblicamente.
Quantos
pastores ficam envolvidos com a tal proibição, enquanto Satanás vem minando a
santidade das igrejas pela mentira, inveja, desonestidade, corrupção,
prostituição, adultério, rancor, falta de perdão, enfim, todos os males
causados pela falta do amor de Deus nos corações.
È
o mundo entrando dentro da igreja e não um figurino de vestuário para manter
uma característica da igreja, representada apenas pelas mulheres, assim como
nos países muçulmanos, cujas mulheres com o corpo coberto, da cabeça aos pés,
representam, para o mundo mais desenvolvido, a característica de uma religião
atrasada. Este é um exemplo clássico de que manter uma característica, se não
tiver fundamento bíblico, só pode representar um atraso, como vem fazendo
aquele povo. Com certeza, isso não garante pureza à igreja, nem admiração pelos
que deveriam converter-se ao Evangelho. O evangelho que Jesus mandou pregar,
não recomenda, uma só vez, tais exigências.
A
bem da verdade, o que está acontecendo é que uma boa parte dos crentes só sabem
aplicar a dureza da lei da aparência exterior, mas não sabem praticar o amor e
a misericórdia, vivem como se fossem os números exatos dos escolhidos, não se
importando com o resto do mundo, como se fossem os donos da salvação, e quem
não pisar na linha de suas exigências, deve ser eliminado.
A
pergunta que faço: Como será o acerto, um dia, dos que trocaram a graça pela
obras e dos que evitam o esclarecimento para não contrariá-los? “A ira de Deus
se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a
verdade pela injustiça” (Rm 1.18).
Se
Jesus condenou os fariseus, que aplicavam a lei ao invés do amor, não fará o
mesmo com aqueles que mudam a verdade de Deus, ensinando aos descrentes, que a
mulher que usar calça, no dia do senhor não poderão entrar no céu? “Muitos,
naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós
profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome
não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos
conheci” (Mt 7.22-23).
Outro
grande prejuízo é que, na medida em que afirmamos ser pecado intolerável o uso
dessa peça do vestuário, os crentes em sua maioria dizem-se cumpridores da sã
doutrina e não comparecem ao debate, nas reuniões de ensinamento, para
descobrirem que Satanás está minando grandemente, de forma sutil, outras áreas
da vida, que declaradamente a Bíblia classifica como pecado.
Podem
conferir: os defensores ferrenhos de usos e costumes, geralmente, não se
lembram de exercer o que Deus expressamente exige como doutrina, isto é: amor,
perdão, misericórdia, bondade, benignidade, paz, mansidão, humildade,
pontualidade, a eficiência no ensino e no trabalho, a transparência, a ética, a
verdade a qualquer custo, etc. Dizer que a igreja não precisa disto para
crescer seria desprezar o valor das almas, que por este impedimento, deixam de
entrar no caminho da salvação.
Outro
argumento bem conhecido é o de que as igrejas que liberam o tal uso são igrejas
frias e mornas. Entendo, no entanto, que o motivo é bem outro, isso é: o que
ocorre é que algumas igrejas não se animam a liberar, pensando que sua
espiritualidade está nesse detalhe, como a força estava no cabelo de Sansão.
Deveriam, antes, conhecer outras igrejas que ensinam a verdade e, no entanto,
são portadoras de todas as características bíblicas da salvação em Jesus.
Podem
conferir que os tais não conseguem mover a igreja com seus sermões, mas quando
notam que estão sem a graça divina, mudam seus sermões para usos e costumes
mostrando assim mais espiritualidade.
Sabemos,
também, o argumento de que nas igrejas em que se liberou o uso, desta parte do
vestuário, desandou a imoralidade e o mundanismo. A esse argumento gostaria de
responder como exemplo do que já ouvimos a respeito da televisão, sendo que
certos pastores a proíbem, sob esta legação, porém, a prova aí está, que nas
igrejas em que foram mantidos os princípios éticos e morais, nada aconteceu por
conta da televisão liberada. Não devemos proibir, mas ensinar ver televisão.
Sei de pastores que proibiam nas suas igrejas o uso da televisão dizendo que
era a caixinha do diabo, mas hoje eles têm uma caixinha na sua casa e não é
mais pecado. É interessante que é pecado enquanto o líder não liberar. Quantas
pessoas de valor foram sumariamente excluídas da igreja por possuírem aparelho
de televisão, hoje, entretanto, os que cometeram tais injustiças possuem o
aparelho, tranqüilamente, em suas casas. Descobriram que era ignorância, pois
os males procedem do coração e o mundo ao vivo é muito mais perigoso que a tela
da TV.
Sabemos
que não só as vestes e a televisão usada de forma imoral podem arruinar a
igreja, mas todos os demais procedimentos que não estiverem pautados pela
decência e moralidade. Se em algum lugar a coisa descambou, foi por falta
dessas características e não pelo uso de uma peça de roupa que não pode alterar
a integridade de uma pessoa.
Portanto,
o que preocupa é ter de defender, sem argumentos convincentes, aquilo que não
encontra na Bíblia. Ouvimos a explicação: na Bíblia não está escrito, mas deve
ser obedecido e, se quiser explicação, fale com o Pastor, porque é o único
autorizado a tocar no assunto.
Não
acredito que pastores apóiem essa idéia, pois se assim fosse, seria o mesmo que
admitir que a palavra do pastor esteja acima do preceito bíblico e, por isso
mesmo, o assunto não poderia ser discutido; deveria apenas ser cumprido.
Interessante
que os legalistas dessa exigência com a veste feminina querem cumprir um
mandamento da lei e não se importa em cumprir o que está no Novo Testamento (Rm
16.16; 1ª Co 16.20), que manda saudar os irmãos com beijos e (1ª Tm 5.10), que
manda lavar os pés uns dos outros.
O
motivo pelo qual existe rivalidade entre os crentes é que os mais esclarecidos
sabem que certos usos são apenas tradições, enquanto que a maioria pensa que é
um mandamento, escrito em algum texto da Bíblia. Para quem governa é mais fácil
assim; os membros menos esclarecidos pensam que está escrito e, além de
cumprirem, exigem dos demais que cumpram também, criando uma pressão
psicológica naqueles que entendem a verdade.
A
Palavra de Deus não admite meia verdade. Se não pudermos esclarecer o que é
doutrina e o que é tradição, é porque não estamos preocupados com a divisão e o
descontentamento entre os crentes, e sim, preocupados em manter certos usos ou
costumes arcaicos através de uma estratégia de desinformação.
Quando
dizemos que não podemos facilitar o tal uso, porque iria escandalizar a maior
parte dos crentes, não devemos esquecer que eles só se escandalizam porque foi
o próprio ministério da igreja que sempre ensinou ser um pecado horrível.
Não
acho válido, também, o argumento de que a igreja tem o poder de estabelecer
normas e regras, mesmo sem base bíblica, pois se assim fosse, a Igreja Católica
estaria certa em todas as tradições e dogmas que ela criou.
Um
princípio é válido quando não trouxer prejuízo ao Evangelho, nem discordar da
vontade de Deus, pois do contrário, pode se enquadrar nos textos de Dt 4.2; Pv
30.6 e
Ap 22.18, que proíbem acrescentar um til às Sagradas Escrituras e automaticamente à doutrina da salvação, em qualquer tempo ou circunstância, Eu, particularmente, não quero assumir esta culpa.
Ap 22.18, que proíbem acrescentar um til às Sagradas Escrituras e automaticamente à doutrina da salvação, em qualquer tempo ou circunstância, Eu, particularmente, não quero assumir esta culpa.
Não
consigo entender a total tranqüilidade de alguns obreiros, argumentando que não
podem perder tempo com descrentes que querem exigir que a igreja se adapte às
suas tradições. Dizem que os de fora é que têm de mudar e devem viver de acordo
com a Palavra e com nossas regras. Muito bem, mas onde está escrito a tal
palavra e onde está escrito as tais regras? Enquanto ficamos brigando e
ensinando as regras, as outras igrejas estão enchendo e tua está se esvaziando.
E, o mais triste, aqueles que têm o ministério do ensino estão ficando no banco
para não ensinarem as verdades bíblicas.
Outro
aspecto é a repercussão moral: Saia comprida é roupa social, que exige
coerência dos pés a cabeça, mas como menos favorecidos não podem acompanhar
este estilo, andam por aí, de forma ridícula, criando um péssimo visual;
fazendo com que os descrentes tenham a impressão de que somos um povo atrasado.
Isso é prejuízo na certa.
Daí
argumentar que para os salvos pouco importa o que o mundo pense, e que a
aparência não vale, é no mínimo desconhecer certos textos bíblicos, por
exemplo:
1ª Co 14.23, onde Paulo preocupa-se com a impressão que podemos causar aos descrentes, prejudicando a conversão de almas. Nós que deveríamos estar preocupados com os não crentes e perguntar a nós mesmos se não estamos impedindo a sua entrada; e não nos darmos ao luxo de dizer: se quiserem é assim, ou, então, procurem outra igreja! Pois, assim era o tratamento dos fariseus nos dias de Jesus agiam sem amor e sem misericórdia.
1ª Co 14.23, onde Paulo preocupa-se com a impressão que podemos causar aos descrentes, prejudicando a conversão de almas. Nós que deveríamos estar preocupados com os não crentes e perguntar a nós mesmos se não estamos impedindo a sua entrada; e não nos darmos ao luxo de dizer: se quiserem é assim, ou, então, procurem outra igreja! Pois, assim era o tratamento dos fariseus nos dias de Jesus agiam sem amor e sem misericórdia.
Igrejas
que recebem todos os dias, pessoas transferidas de outras localidades, não
sentem a necessidade do crescimento por conversão, talvez por isso não se
importem com o entrave e ainda dizem que a igreja está crescendo, quando, na
verdade, as conversões são menores que as exclusões.
Considero
desonesto da parte de certos líderes, antes de serem consagrados ao cargo,
tinham essa interpretação, porém, assim que subiram ao poder, mudaram de
opinião e passaram a defender o contrário, para merecerem a simpatia do povo.
Que falta de personalidade e seriedade com o santo ministério.
É
fácil perceber que tudo isso é falta de conhecimento bíblico, que infelizmente
herdamos de nossos antepassados e que vem dando enorme prejuízo na conversão de
almas. Será que apenas as igrejas que as irmãs não podem usar a calças que irão
se salvar? Não deveríamos desconfiar que estamos sozinhos neste modelo
atrasado? Pior que isso é dizerem que é uma tradição e um modelo que Deus nos
deu e que a igreja vem crescendo desta forma. Como alguém pode provar que foi
Deus quem deu? Se não fossem estas regras humanas e ridículas as igrejas
poderiam ter crescido muito mais? Só os menos esclarecidos podem aceitar estas
regras, pois quem conhece a verdade tem a mente de Cristo.
Lamento
a ignorância daqueles que, ao invés de abordarem os candidatos ao batismo,
perguntado se entenderam bem e estão dispostos a praticar o amor e as doutrinas
bíblicas, que contêm a receita completa do caminho estreito, tratam de proibir
o uso de certas roupas, jóias e corte de cabelo, etc.
Entendo
que muitos que se batizam não permanecem porque são edificados na areia e não
na rocha. Na primeira luta espiritual, tentação, calúnia ou perseguição, o
crente vai cair, pois ele foi ensinado a valorizar um figurino material e não o
conhecimento espiritual da salvação.
Como
seria bom se todas as igrejas deixassem de olhar apenas para o passado
baseando-se na tradição, e passassem a praticar um arrependimento diário
acompanhado de vigilância constante; tenho certeza de que não seriam atingidas
por falsas concepções de cristianismo; improdutivo, apenas nominal e indigente
do fervor do Espírito Santo. Pelo contrário haveria um avanço real e sem
falsificação. Seriam gerados verdadeiros cristãos dispostos a doar-se em favor
do próximo e da causa da verdade. Infelizmente porque o sectarismo torna-se
envolvente nas massas humanas poucos param para pensar que placa denominacional
não alimenta a alma do ser humano e nem sequer alivia a consciência.
Não
queremos com isto dizer que organizações religiosas deveriam estudar propostas
de unificação, mas sim que cada discípulo em particular seguisse fielmente a
unidade de um corpo cuja cabeça é Cristo.
Vamos
olhar para os grandes homens do passado como Martino Lutero, João Calvino, João
Huss e outros que sem medo começaram a denunciar a miséria do proceder humano
diante do Seu criador. A explosão monetária pela venda de indulgências e de
imagens esculpidas, a corrupção moral, as perseguições empreendidas contra os
guardiões da fidelidade e mesmo o sangue inocente daqueles que foram lançados
às feras ou decapitados, nada disso podia ficar esquecido na obscuridade.
Desta
forma o cristianismo estava-se reavivando e as consciências dos homens passavam
a ser acordadas, quando o combate da fé empregava não mais a força das armas,
nem tribunal de inquisição, mas a Palavra de Deus (Ef 6.10). Considere-se o
porte de vida destes grandes pregadores; quais eram as suas mensagens, quais
eram seus ideais, a que tipo de povo falava e qual o resultado que colheram e
ter-se-á a convicção de que Deus cuidou, cuida e cuidará sempre a sua obra
gloriosa.
Infelizmente,
desde a reforma implantada com eficientes resultados o ápice alcançado pelo
cristianismo pouco a pouco foi novamente cedendo a espaço ao avanço rápido de
novas filosofias e tradições arranjadas através de conglomerados de idéias que
desvirtuaram paulatinamente a verdadeira fé. Introduziu-se na mentalidade
humana uma nova “cultura” religiosa e os grupos que haviam sido avivados
retornaram as tradições modificadas pela cultura e o humanismo secular, desentoando
as verdades bíblicas. Hoje muitos destes têm sido obrigados por força da
religiosidade presente confessar o seu desvio e o declínio sofrido.
As
estatísticas confirmam a constante queda tanto em números como em diligência
espiritual de denominações que há bem pouco tempo eram prósperas nas atividades
do reino de Deus. Entretanto aquelas igrejas que tem solidificado sua fé nas
doutrinas bíblicas continuam firmes e vitoriosas em caminho da cidade santa.
Enquanto que outras estão desmoronando-se, pois construíram a base de sua
religião (doutrina de homens), na areia e não na rocha.
Cristo
veio ao mundo com a finalidade de tornar os homens cidadão do Seu reino (Mc
1.14-15). Por conseguinte, o cristão é um cidadão do Reino de Deus (Cl 1.13),
onde é diferente (Jo 18.36), principalmente na maneira de pensar (1ª Co 18.36).
Logo, o meu modo de ser já não importa. Devemos ver tudo sob a perspectiva do
Reino. O Rei dos reis exorta-nos a buscar o Reino de Deus e a sua justiça, a
fim de que as demais coisas nos sejam acrescentadas (Mt 6.33). Portanto, o
comer, o vestir-se, o ter um teto para abrigar, embora importante á nossa
sobrevivência, são pontos em segundo plano.
O
cristianismo judaizante é remendo novo em vestidos velhos (Mt 9.16). A salvação
é pela fé em Jesus (Gl 2.16; Ef 2.2-10; Tt 3.5). O cristianismo é religião de
liberdade no Espírito e não um conjunto de regras. O verdadeiro cristianismo
enfatiza o nosso relacionamento com Cristo ressuscitado (Gl 2.20), e isto é
suficiente para crescermos na graça e no conhecimento de Deus.
Pr.
Elias Ribas
Dr.
em Teologia